Pandemia, e agora?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou, no dia 11 de março de 2020, que estamos enfrentando uma pandemia da Covid-19, o novo coronavírus.

Diante disso, é momento de reflexão sobre como lidar com essa situação.

Epidemias provocam medo, ainda mais quando o agente causador e suas consequências são pouco conhecidos.

É comum todos estarem mais tensos, devido ao número de informações assustadoras, reais e fictícias.

Assim, é preciso falar da mecânica do medo.

A mecânica do medo

O medo é importante, ele é uma forma de defesa do nosso organismo, pois ele nos ajuda a não se arriscar demais e tomar precauções de cuidado e proteção mediante situações de perigo. Porém, quando ele passa disso, assumindo proporções descomedidas com a situação real, ele pode ser entendido como pânico. O objeto do medo fica desproporcional ao comportamento, e a pessoa acaba não conseguindo mensurar esse medo.

E é aí que precisamos cuidar. Pois, se há um destempero em relação aos possíveis perigos que estamos sujeitos no dia a dia, a tendência é que nunca saíamos de casa (e nem estamos falando deste momento). Afinal, pensar no pior trará inúmeras possibilidades de catástrofes a qual qualquer pessoa está sujeita em qualquer momento da vida.

O pânico tende a se alastrar porque o medo é algo também construído socialmente, ou seja, muitos medos são aprendidos (aranha, palhaço, lobisomem). E, eles podem ser ampliados também socialmente. É o que tem acontecido.

Agora é um momento em que precisamos ter muita calma e bom senso. Precisamos estar informados sobre as notícias e orientações dadas pelos órgãos competentes (OMS, governo, profissionais da saúde em geral) e seguir à risca estas orientações. Mas, não podemos entrar em pânico, pois este só irá nos prejudicar (mental e fisicamente) bem como podemos tomar atitudes de prejuízo ao outro.

Quando o pânico nos prejudica?

Quando vivo em função dele, ou seja, só penso no objeto de pânico 24 horas por dia; quando não consigo, comer, dormir, relaxar por conta do medo excessivo; quando me privo de coisas que são saudáveis para mim (alimentação, exercícios, terapia) por achar que agora a vida precisa parar totalmente.

Quando o meu pânico prejudica o outro?

Quando eu dissemino informações erradas (fakes); quando eu compro mais produtos do que realmente preciso (álcool em gel, máscaras, alimentos); quando eu, a qualquer sintoma, busco as unidades de saúde colocando em risco minha saúde e a do outro; quando eu foco tanto no medo que esqueço dos cuidados de higiene em locais públicos.

Quarentena não é sinônimo de isolamento social

Cabe lembrar que, a quarentena se faz importante neste momento. Aqueles que realmente não precisam sair de casa e as pessoas que estão no grupo de risco (idosos, pessoas com problemas de saúde) devem se preservar e, com isso, preservar o próximo. Porém, quarentena não pode significar isolamento social.

Muitos estudos que falam sobre quarentena indicam efeitos psicológicos negativos como sintomas de estresse pós-traumático, sintomas depressivos, tristeza, abuso de substância, estado de confusão e irritabilidade.

Para evitar isso, é preciso tentar, ao máximo possível, manter as interações sociais permitidas. Ou seja, se você está em casa, com sua família, façam atividades em conjunto. Não fiquem isolados cada um em sua bolha. Nada de passar horas na internet, nas séries e nos jogos. Se você está sozinho, utilize as opções da tecnologia para conversar com as pessoas. Aos que fazem acompanhamento médico e, principalmente terapia, conversem com os profissionais a possibilidade do atendimento online, que será de grande ajuda para este momento de crise.

Esse é uma hora de cuidado e de aprendizado. Também é hora de exercitarmos o autocuidado e a solidariedade com o outro. Que nós possamos aprender com isso e sair mais fortes de toda esta experiência.


Priscyla Kunzendorff Lindner é Psicóloga, Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial, e Voluntária na ALBEM.